Na Rota do Centro de Portugal
A Região Centro de Portugal, à semelhança de todo o país, tem um conjunto de atractivos que não passam despercebidos. Certo é que merecia um roteiro com mais tempo para poder aproveitar tudo o que tem para oferecer, mas isso a seu tempo, e com o seu propósito. A verdade é que nos tempos que correm as férias não abundam, e nem todos temos a possibilidade de vaguear calmamente à descoberta de todos o pontos de interesse. Portanto o que lhe trazemos hoje, é um Roteiro dedicado à Região Centro, e um roteiro de 2 dias, adaptado a um passeio mototuristico de fim de semana.
Se por um momento pensou que lhe vamos dar a conhecer apenas alguns lugares, pense novamente. Aquilo que lhe propomos vai muito para além de uma simples abordagem superficial. E, não sendo uma epopeia motociclística, é seguramente uma aventura muitíssimo bem condimentada, que lhe irá proporcionar momentos inesquecíveis. Vamos a isso?
A Quem Se Destina Este Roteiro?
Em primeiro lugar, este roteiro destina-se a todos aqueles que desejam conhecer a Região Centro de Portugal da melhor maneira possível – de mota. Foi pensado para ser feito aos comandos dessa criatura mítica que tanta liberdade proporciona. Sei que corro o risco de me repetir em relação a outros artigos, mas sozinho ou em grupo, tudo se faz e o importante é ir. Ir, e partilhar com os que o acompanham na estrada, com os que conhece pelo caminho, e com os que ficam em casa e o acompanham à distância.
Em segundo lugar, e não menos importante, destina-se a todos aqueles que desejam fazer tours de mototurismo autoguiados. Sejam os que procuram saber como os realizar, sejam os que já os fazem. É uma vez mais a partilha a tomar conta da escrita, ou não fosse ela tão importante.
Como Planear o Melhor Tour Autoguiado
Se nunca fez mototurismo autoguiado e quer dar os primeiros passos, ou melhor, fazer os primeiros quilómetros, este artigo vai colocá-lo no caminho certo para o fazer em segurança. Aborda vários tópicos que lhe serão úteis antes, e durante a sua viagem.
Em terceiro lugar entra a razão bónus: A rota passa também por uma parte da Estrada Nacional 2, portanto se não tem tempo para fazer a N2 na totalidade dos seus 738 km, mas ainda assim quer um “cheirinho” dessa rota mítica e de alguns dos seus pontos de interesse, esta é a oportunidade perfeita. No final, pode sempre voltar a este roteiro e consultar tudo o que a N2 tem para oferecer no Guia da Estrada Nacional 2.
A Rota em GPX
Ler o roteiro faz todo o sentido, quando pode acompanhar o itinerário, e pré-visualizar o que irá encontrar pelo caminho. Para isso, descarregue a rota em ficheiro em GPX carregando no link ou na imagem abaixo, e utilize este roteiro para preparar o seu trajecto.
O ficheiro pode ser carregado no seu sistema de navegação preferido, seja num navegador por GPS, ou no seu smartphone. Para smartphones Android recomendamos a aplicação Osmand, já no caso do sistema iOS da Apple, a aplicação que preferimos é o Scenic.
Rota Centro de Portugal – Roteiro de 2 Dias
O nosso Roteiro começa em Lisboa. Prespectivam-se 2 dias com quilometrágens equivalentes, mas com paisagens e estradas diversificadas. As distâncias não são grandes, mas o tempo, esse factor sempre presente, pode condicionar a visita pormenorizada de todas as opções da rota. Por isso misturámos estradas nacionais com alguns trocos de itinerários complementares. Normalmente preferimos não o fazer, mas por uma questão de optimização de tempo, de quando em vez é algo que se mostra necessário.
O mesmo se aplica à parte da N2. A rota não está feita respeitando o traçado original nas secções de Abrantes – Sardoal – e Sardoal – São Domingos. As razões são as mesmas.
Centro de Portugal – Roteiro – Dia 1
231km
Lisboa – Vila Franca de Xira – Azambuja – Valada – Almeirim – Alpiarça – Bemposta – Abrantes – Alferrarede – Sardoal – Vila de Rei – Sertã – Pedrógão Pequeno – Pedrógão Grande
Saia de Lisboa em direcção a Vila Franca de Xira, cidade de tradições tauromáquicas, não para conhecer a sua frente ribeirinha, mas sim para entrar na N3. Pela margem norte do Tejo, vá em direcção à Azambuja. Aqui irá atravessar um misto de campos de cultivo e infra-estruturas aeronáuticas.
Valada do Ribatejo, fica logo a seguir. Faça uma rápida paragem para conhecer o Parque e a Praia Fluvial de Valada. Na margem oposta do rio, para lá das Ilhas dos Amores, dos Cavalos, e das Garças, e ligeiramente a jusante, fica o Escaroupim. Uma aldeia piscatória lindíssima, com um cais em palafitas e onde para além de se poder revisitar a história do lugar e das gentes, também se come muitíssimo bem. Para lá chegar, se entender fazer um desvio, é preciso cruzar a Ponte Rainha Dona Amélia, que por acaso fica na nossa rota. A título de curiosidade, fique a saber que a ponte foi inaugurada em 1904, portanto fará 120 anos em 2024. Uma Senhora de idade respeitável.
Almeirim é o waypoint seguinte na rota, e a primeira tentação gastronómica – a Sopa da Pedra. Siga em direcção à Bemposta onde encontrará a N2. Partilhará com ela o restante do dia de viagem, no sentido sul/norte.
Cerca de 12km separam o marco da N2 da Bemposta, da Ponte Rodoviária de Abrantes e da vista sobre o Rossio ao Sul do Tejo. A rota contorna as muralhas do Castelo de Abrantes. Se puder, não perca a vista do Baloiço de Abrantes, contíguo ao Castelo. Abrantes é também a sugestão de paragem para o almoço.
Recuperadas as forças, siga o traçado moderno da N2 para norte em direcção ao Sardoal. Se já leu o Guia da Estrada Nacional 2, já sabe que aqui se coloca uma opção: ou continua a seguir o track pela “nova” N2, ou faz o traçado antigo até São Domingos. Não opcional é a visita ao Penedo Furado – essa é sempre para fazer, porque vale mesmo a pena.
Nesta N2 Sul/Norte, o próximo ponto é Vila de Rei, e claro está, o Picoto da Melriça. A sua viagem autoguiada à Região Centro de Portugal não seria tão rica se de facto não passasse pelo centro geodésico do país.
Siga para Sertã, visite o Castelo, a Ponte da Carvalha, e aproveite uns momentos no Jardim da Alameda da Carvalha.
O final do dia de viagem aproxima-se. O alojamento sugerido, fica em Pedrógão Pequeno. A curtíssima distância, Pedrógão Grande, apresenta-lhe a Ponte Filipina, as Igrejas de Nossa Sra. da Assunção e da Misericórdia, e também mais opções ao nível da alimentação. Dependendo da hora a que chegue e da época do ano, a Praia Fluvial do Cabril pode ser uma opção refrescante.
Onde Dormir no dia 1
Hotel da Montanha – Pedrógão Pequeno
Sugestão de Restaurante
Restaurante Casa Chef Victor Felisberto – Abrantes
Restaurante Ponte Romana – Sertã
Centro de Portugal – Roteiro – Dia 2
240km
Pedrógão Pequeno – Pedrógão Grande – Figueiró dos Vinhos – Cernache do Bonjardim – Castelo de Bode – Dornes – Ferreira do Zêzere – (Tomar – Opcional) – Ourém – Fátima -Batalha – Porto de Mós – Aljubarrota – Rio Maior – Alenquer – Lisboa
Se seguiu a nossa sugestão de alojamento, a partida do segundo dia do nosso roteiro é em Pedrógão Pequeno. Siga em direcção a Figueiró dos Vinhos, pelo IC8. Conforme explicámos anteriormente, esta foi uma das opções para “poupar” tempo de estrada, em busca de um equilíbrio entre o prazer de condução, e o roteiro turistico. Em alternativa, pode sempre seguir pela EN350, trocando a rapidez do itinerário complementar pelo gosto de um caminho interior.
De Figueiró dos Vinhos siga pela rota até ao rio Zêzere, cruzando a Ponte da Bouça em direcção a Cernache do Bonjardim, local de nascimento de Nuno Álvares Pereira.
Após apreciar a beleza do Bonjardim, a N238 leva-o para a Albufeira da Barragem de Castelo de Bode. A Ponte do Vale da Ursa, une as margens que dão acesso a uma das localidades mais bonitas de Portugal – Dornes. Visite a Torre de Dornes, a Igreja de Nossa Senhora do Pranto, e aprecie a beleza que o rodeia. Fica desde já prometida uma abordagem mais aprofundada desta localidade para um outro roteiro.
A rota segue de Dornes para Ferreira do Zêzere, e daí para Tomar. Toda esta zona tem uma quantidade tal de pontos de interesse, que facilmente se perdiam vários dias para os visitar a todos. A título de exemplo, ficam alguns: o Trisio, a Praia Fluvial de Fernandaires, o Miradouro do Picoto da Seada, a Zaboeira, a Praia Fluvial do Agroal, entre muitos mais. Em Tomar, claro está, o Convento de Cristo e o Castelo são quase obrigatórios, bem como o Aqueduto do Convento, a Igreja de Santa Maria dos Olivais, a Ponte Velha sobre o Rio Nabão.
Siga para Ourém, onde pode visitar o Castelo e Paço dos Condes de Ourém, e daí para Porto de Mós. Falaremos de Porto de Mós, mas não sem antes falarmos de Fátima, e da Batalha. Naturalmente Fátima fica ao largo da rota, e pode desejar lá parar. Da minha parte, que não sou uma pessoa especialmente religiosa, gosto de lá parar porque o Santuário me inspira serenidade. Perto, ficam as Grutas da Moeda, e no caminho há ainda a Estrada Romana de Alqueidão da Serra. Já na Batalha, o local de eleição é sempre o Mosteiro da Batalha, essa obra incompleta mas tão bela.
Finalmente Porto de Mós. Sugiro-lhe que visite pelo menos dois lugares. A vila é muitíssimo agradável, mas a arquitectura do Castelo de Porto de Mós é única e merece ser visitado. O museu que alberga, é também muito interessante. O outro local é a Ermida de Santo António, que aliás pode ser vista do Castelo.
A rota de regresso a Lisboa faz-se pela N1(IC1), encostada ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Pode fazer uma paragem em Aljubarrota. Ainda se lembra de quem nasceu em Cernache do Bonjardim? Alcobaça está logo ali ao lado, e pode ser também uma óptima opção caso não tenha visitado alguns dos locais anteriores.
Resta passar por Rio Maior, Alenquer, e voltar ao ponto de partida, agora transformado em ponto de chegada.
Obrigado por existirem✌️
Obrigado por ler. Esperamos que seja útil✌️