Na Rota da Estrada Nacional 2

A Estrada Nacional 2, ou simplesmente N2 é a estrada mais longa de Portugal, estendendo-se por aproximadamente 738 quilômetros. Atravessa 11 dos 18 distritos do país, ligando Portugal de norte a sul, entre Chaves e Faro.
A N2 é frequentemente comparada à Route 66 nos EUA, ou à Ruta 40 na Argentina, por ser a terceira mais longa em travessia longitudional de um país na sua totalidade. Estatisticas à parte, a N2, é muito mais do que uma estrada. É uma experiência que oferece uma visão profunda da alma de Portugal.
Uma das características mais notáveis desta estrada é a sua diversidade de paisagens. No norte, irá encontrar um majestoso relevo montanhoso, enquanto o sul é caracterizado por extensas planícies e o encontro com o mar no final, mas não sem antes cruzar a Serra do Caldeirão e as suas fantásticas curvas. Ao longo do caminho, estas diferenças geográficas e paisagísticas, vão paulatinamente surgindo, dando mote a uma mudança interactiva constante.
Na rota, existem 35 municípios a serem explorados, 11 serras a serem transpostas e 13 rios a serem cruzados. Inúmeras possibilidades de exploração que fazem da Nacional 2 mais do que uma simples estrada, mas uma artéria a partir da qual se encontram e ligam, as várias partes do interior de Portugal.
Os Municípios ao longo da N2: Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Peso da Régua, Lamego, Castro Daire, São Pedro do Sul, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Penacova, Vila Nova de Poiares, Lousã, Góis, Pedrogão Grande, Sertã, Vila de Rei, Sardoal, Abrantes, Ponte de Sor, Avis, Mora, Coruche, Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo, Alcácer do Sal, Ferreira do Alentejo, Aljustrel, Castro Verde, Almodôvar, Loulé, São Brás de Alportel e Faro.
Porquê Fazer Esta Viagem?
Existem inúmeras razões para escolher viajar pela N2:
- Pelo Prazer de Condução: Da multiplicidade de paisagens, deriva logicamente uma grande variedade de tipos de condução. A estrada é a mesma, mas adapta-se às características orográficas de cada região. De secções montanhosas com curvas acentuadas, a zonas ladeadas por árvores frondosas, ou rectas marcadas pela vista sobre a planície, a N2 permite desfrutar de todas elas.
- Pelo Aspecto Cultural: A N2 oferece uma visão autêntica da cultura portuguesa. Longe dos grandes destinos turísticos, apresenta-se a oportunidade de conhecer pessoas locais, saborear a gastronomia tradicional e explorar pequenas aldeias que preservam as tradições ancestrais.
- Pelo Aspecto Histórico: Ao longo da N2, ou na sua proximidade, não faltam marcos históricos. Desde antigas pontes romanas até castelos medievais, cada paragem é uma possibilidade de participar numa aula de história ao vivo.
- Pelo Aspecto Natural: A diversidade de paisagens é surpreendente. Desde as serras do norte, com suas florestas exuberantes, até as praias ensolaradas do sul, cada trecho da N2 revela uma beleza natural única, e muitas vezes surpreendente.

A História da Nacional 2
A história da N2, como a conheçemos hoje, remonta a 1945. É dessa altura o decreto do Estado Novo que decide o inicío de um ambicioso projeto de engenharia que visava a integração territorial e econômica, ao mesmo tempo que seria um simbolo da união do país.
Recuando ainda mais no tempo, a base do que é hoje a Nacional 2, remonta à era romana, quando uma rede de antigas estradas servia como artérias cruciais para o comércio e a comunicação na Península Ibérica. Durante o período medieval, a estrada, conhecida como Estrada Real, desempenhou um papel vital na ligação de cidades, fortificações e na promoção do comércio e da troca de cultura.
Ao longo dos anos, a estrada testemunhou desafios significativos, mas a determinação dos envolvidos prevaleceu, resultando em uma estrada que transcende sua função original.
Planear a Sua Viagem
Antes de mais, convém referir que esta rota pode ser feita de carro, de mota, autocaravana, bicicleta, e há mesmo quem o faça a pé. Cada um escolhe a sua forma de viajar, sendo que cada uma tem as suas vantagens e as suas limitações.
Planear uma aventura pela Estrada Nacional 2 é um pouco como fazer as malas para uma viagem. Pode parecer uma afirmação estranha, mas na realidade, quando se trata de “fazer a mala”, todos temos tendência natural a querer levar mais do que realmente necessitamos.
No caso da Nacional 2, planear um roteiro começa exactamente da mesma maneira. Portanto, convêm simplificar, e aceitar à partida que explorar todas as possibilidades que a N2 permite levaria à criação de um roteiro de viagem de meses. Vamos facilitar o plano, se desde o inicio formos claros com o que esperamos da viagem, com o tempo que temos disponível, e com o que é mais importante para nós ao longo da mesma.
Definir o propósito base da viagem pela Nacional 2 ajuda a clarificar e prever o tempo de que necessitaremos. Precisamos então de saber se embarcamos nesta aventura pela:
- Experiência de Condução
Se o foco da viagem for a experiencia de condução na estrada em si mesma, então sabemos desde logo que podemos fazer a rota em menos tempo, obrigando a uma selecção mais criteriosa dos locais a visitar ou mesmo das paragens pelo caminho.
- Experiência Turística
Se para além da estrada, quisermos aproveitar para conhecer os locais do interior de Portugal por onde passa esta rota, então, teremos necessariamente que considerar mais dias, e fundamentalmente menos kms de estrada percorrida por dia de viagem.
O que nos leva à questão seguinte, e para a qual ninguém tem a resposta certa. “Quantos dias são necessários para percorrer a Estrada Nacional 2?”

Quantos Dias São Necessários para Percorrer a Nacional 2?
A duração da viagem, como já vimos, irá depender do que deseja explorar, e do ritmo com que o quer fazer.
Para uma experiência completa, mas não exaustiva, recomendamos pelo menos dedicar 6 dias ao seu itinerário.
Convém não esquecer o seguinte: Independentemente do tempo que escolha dedicar ao seu itinerário, terá sempre que contar com o tempo e distância necessários desde o local em que se encontra até aos locais de partida e chegada da rota. Isto poderá criar a necessidade de acrescentar dias ao seu itinerário global.

Melhor Época do Ano para Fazer a Viagem
A melhor época para percorrer a N2 é na primavera e no outono, quando o clima é ameno e as paisagens estão em pleno esplendor.
Portugal é um país com condições para viajar o ano inteiro. Contudo, se decidir embarcar nesta viagem durante o verão, saiba que as temperaturas podem ser elevadas, especialmente nas regiões do interior. Durante o inverno, especialmente em dias de temperatura mais baixa e no norte de Portugal, as condições da estrada devido à geada, ou mesmo ao gelo, podem constituir um perigo acrescido.

A Rota Original da Nacional 2
Ao longo dos anos, e à medida que a rede de estradas e infraestruturas de Portugal foi sendo melhorada, também o traçado da nacional 2 foi sofrendo alterações. Partes dela são agora itenerários principais, outras estão debaixo das águas de albufeiras como a da Aguieira. Progressos cujos resultados colaterais foram, alguma descaracterização da rota original, também alguma confusão na sinalização da estrada, e discussões apaixonadas sobre qual é verdadeiramente o traçado da N2.
Por forma a facilitar e a permitir navegar ao longo da rota basta descarregar o traçado mais original possivel, carregando na imagem. Esta está em formato GPX e pode ser utilizada quer num navegador GPS, quer num smartphone.
O Passaporte da Estrada Nacional 2
Uma maneira emocionante de registar sua viagem pela N2 é adquirir o Passaporte da Estrada Nacional 2. A rota N2 foi oficialmente reconhecida pela Associação de Municípios de Portugal, que promove e apoia sua exploração. Uma das formas que promover a interactividade da rota com quem a percorre, é precisamente o Passaporte, que permite que colecione carimbos em cada ponto de interesse ao longo da rota, criando uma lembrança única da sua viagem.

Onde Comprar o Passaporte?
Este passaporte pode ser adquirido em vários pontos, como postos de turismo, o mesmo no kilómetro zero em Chaves. Para mais informações, basta carregar no link (passaporte).
Onde Carimbar o Passaporte da EN2?
Para carimbar o passaporte da Nacional 2, basta que se dirija um posto de turismo, quartel dos bombeiros, esquadra da PSP, ou vários alojamentos, restaurantes, ou pontos de referência na rota.
Mapa Interativo da Rota EN2
Para explorar a rota sem sair de casa, ou em preparação para a sua viagem, pode fazê-lo através do mapa interativo disponível no site www.rotan2.pt. Esta funcionalidade é especialmente útil relativamente aos locais onde é possível carimbar o passaporte. Nem sempre se encontram directamente localizados na rota, sendo portanto recomendada, uma consulta prévia da localização dos mesmos, e dos seus horários de funcionamento.
Onde Ficar a Dormir
Ao longo da N2, ou a pouca distância dela, irá encontrar uma variedade de opções de alojamento, desde hotéis charmosos, casas de campo, unidades de turismo rural, e até campings pitorescos. No entanto, é aconselhável fazer reservas antecipadas, especialmente durante a temporada alta, para garantir o seu conforto, e que depois não perde tempo precioso a marcar alojamento em cima da hora.
As suas preferências, o tempo disponível para fazer a Nacional 2, e o desejo em conhecer algum lugar específico, também podem influênciar a escolha dos locais para pernoitar.
No nosso roteiro, sugerimos os seguintes locais para passar a noite:
Chaves | Lamego | Viseu | Sertã | Montemor o Novo | Almodôvar
Contudo, pode fazer as alterações que achar convenientes a cada etapa diária, e preferir ficar noutras localidades como:
Vidago | Pedras Salgadas | Vila Pouca de Aguiar | Vila Real | Santa Marta de Penaguião | Peso da Régua | Castro Daire | Santa Comba Dão | Penacova | Vila Nova de Poiares | Góis | Pedrógão Grande | Vila de Rei | Abrantes | Ponte de Sor | Montargil | Mora | Ferreira do Alentejo | Aljustrel | Castro Verde | Ameixial | Faro
O Melhor da Nacional 2 – Roteiro de 6 dias
O nosso Roteiro da Estrada Nacional 2 começa em Chaves. Preferimos fazer o trajecto no sentido Norte/Sul, acompanhando a quilometragem natural, e também guardando as secções mais montanhosas para o início da viagem. É nesta altura que estamos mais “frescos”, e podemos atacar as zonas mais sinuosas com mais energia.
Mas Chaves não é só o início da N2. Chaves é também o Castelo, as Termas, a Ponte de Trajano, e muito mais. É a oportunidade de aproveitar uma fantástica cidade, belissima gente, gastronomia, cultura e história.

Dá facilmente para perceber que é boa ideia chegar a Chaves no dia anterior, como que numa preparação para a viagem ao longo da Nacional 2, e aproveitar tudo o que a cidade flaviense tem para oferecer.
Nada bate uma boa viagem, uma boa refeição, e uma noite de sono confortável e descansada. Chaves proporciona tudo isto.
Parta então numa viagem que não o vai desiludir, focada em aproveitar o melhor que a N2 permite. Propomos este roteiro de 6 dias, que nos parece o mais equilibrado entre ao aproveitar a estrada, e também conhecer por onde passa e alguns pontos de interesse que a rodeiam.
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 1
103km – Tempo de condução 2h10
Chaves – Vidago – Pedras Salgadas – Vila Pouca de Aguiar – Vila Real – Santa Marta de Penaguião – Peso da Régua – Lamego
O dia começa em Chaves, e não pode faltar a tradicional fotografia do marco do quilómetro zero da N2. Marca o início da viagem e o princípio das memórias a guardar. A sugestão é passar pelo “outro” Kilómetro Zero” e carimbar o passaporte, ou mesmo adquirir um, caso ainda não tenha feito.

A rota segue para a zona das termas. Vidago e Pedras Salgadas saltam à vista, não só pelas estâncias termais, mas também pela beleza natural que envolve estas zonas. Fontes não faltam, e forma de se refrescar também não.
Vila Pouca de Aguiar, é o local seguinte no nosso roteiro. Encostada à Serra do Alvão abre caminho para a paragem seguinte. Vila Real.
Vila Real tem bastantes pontos de interesse, ou não fosse a capital da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Por essa mesma razão, destacamos apenas a Sé-Catedral, o Pelourinho do séc XVI, e a Casa de Diogo Cão.
Saindo de Vila Real, a N2 leva-o a Santa Marta de Penaguião local do final de uma das melhores estradas de Portugal – a N304.
De Santa Marta de Penaguião ao Peso da Régua são apenas 10 minutos. O contacto com o Douro, permite 2 desvios, ambos com cerca de 30 minutos para cada lado, mas que infelizmente não permitem uma rota circular. O primeiro – fazer a N222 até ao Pinhão – acompanhando o Douro numa das mais bonitas secções de estrada. O segundo – Ir até ao Miradouro de São Leonardo da Galafura – e ser presenteado com uma das mais bonitas vistas do Douro vinhateiro.

Paragem final para o primeiro dia de viagem – Lamego – a cerca de 15km do Peso da Régua. Com tempo suficiente para que aprecie o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, o Castelo e a Catedral de Lamego.
Onde Dormir no dia 1
Sugestão de Restaurante
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 2
68km – Tempo de condução 1h20
Lamego – Castro Daire – Viseu
De Lamego parta em direcção a Castro Daire. Primeira paragem sugerida – o Miradouro de Montemuro – mesmo antes da entrada em Castro Daire e, com uma vista fabulosa sobre a serra com o mesmo nome. Uns meros 15 minutos de desvio, permitem-lhe apreciar a esta paisagem magnifica.
Castro Daire é uma pequena cidade bastante agradável. Nas margens do rio Paiva, não deixe de apreciar a Praia Fluvial da Folgosa, e de reparar na Ponte Pedrinha que irá atravessar à saída da cidade.
Viseu é a última paragem desta secção mais curta. Viseu é uma cidade com boas opções gastronómicas, à semelhança de todo o país. Para um dia de passeio na cidade, a Sé-Catedral, o Museu Grão Vasco, a Porta do Soar, a Praça da República, e o Jardim Romás Ribeiro, são as referências.
O dia sugerido é mais curto precisamente para aproveitar para conhecer tudo o que Viseu tem para oferecer, para permitir relaxar da viagem do ponto de partida até ao quilómetro zero da Nacional 2, e também para ganhar forças para as etapas que se seguem.
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 3
166km – Tempo de condução 3h20
Viseu – Tondela – Santa Comba Dão – Penacova – Vila Nova de Poiares – Góis – Pedrógão Grande – Sertã
Parta de Viseu bem cedo pela manhã é a sugestão para o dia 3. Não porque os 166km sejam uma longa distância, mas porque a média de velocidade irá ser baixa durante o dia. Atravessar áreas montanhosas tem destas coisas, mas devolve todo o tempo investido em prazer de condução e paisagens de topo.
Tondela é o primeiro waypoint logo seguido de Santa Comba Dão. Aqui sugerimos dar um salto ao Miradouro do Outeirinho e apreciar a vista sobre o Rio Dão e a Ponte Velha – que também pode ser vista de mais perto sem desviar a rota.
As dificuldades na navegação na nacional 2 podem surgir na zona da Barragem da Aguieira. O IP3 ocupa grande parte do que era a n2, e a sinalização também não ajuda. Se não for um problema, pode sempre seguir pelo IP3 até encontrar a sinalização indicativa da N2. Se preferir seguir a rota o mais original possível (desviando nas partes da antiga N2 que estão agora submersas pelas águas), sugerimos um desvio pela barragem da Aguieira ficando com o Mondego ao lado direito até voltar a encontrar a N2.
Pelo caminho irá encontrar a Livraria do Mondego, uma zona naturalmente esculpida ao longo dos anos a fazer lembrar livros numa estante.
A nacional 2 não chega a entrar em Penacova, mas esta é uma cidade bastante agradável e convidativa a uma visita. A Ponte José Luciano de Castro, dá-lhe acesso à cidade e tem perto dela o posto de turismo para carimbar o passaporte. Logo após, Penacova irá encontrar a magnífica Praia Fluvial do Reconquinho.
Entre Vila Nova de Poiares e Góis, encontra o Miradouro da Lousã, de onde pode obter uma vista sobre esta Serra.
A entrada em Góis dá-se com a passagem pelo Góis Moto Clube, sede do organizador da segunda maior concentração de motociclistas do país, mas pode também aproveitar para esticar as pernas nos Passadiços do Ceira, e também cruzar a Ponte Real.

A paisagem desta zona é lindíssima, e como seria de esperar, as oportunidades de parar em miradouros também abundam. O Miradouro dos Poemas, o Miradouro da Póvoa da Cerdeira, e o Miradouro de Alvares (logo depois do km300 da N2) são boas oportunidades de capturar a beleza desta paisagem.
Em Pedrógão Grande, pare no Miradouro da Cotovia e veja ao longe a Ponte Filipina. Entre Pedrógão Grande e Pedrógão Pequeno encontra-se a Barragem do Cabril que a Nacional 2 cruza.
O dia acaba na Sertã. Aqui ainda pode visitar o Castelo, a Ponte da Carvalha, o Jardim da Carvalha, e atravessar a ponte pedonal para carimbar o passaporte no posto de turismo da Sertã que se encontra precisamente na margem este da Ribeira da Sertã.
Onde Dormir no dia 3
Hotel Larverde
Hotel da Montanha – Pedrógão Pequeno
Sugestão de Restaurante
Central Bar – Vila Nova de Poiares
Restaurante Ponte Romana – Sertã
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 4
164km – Tempo de condução 2h25
Sertã – Vila de Rei – Abrantes – Ponte de Sor – Montargil – Mora – Brotas – Ciborro – Montemor o Novo
Saindo da Sertã, é altura de aceitar o desafio da Estrada Nacional 2 e encontrar o centro de Portugal. É em perto de Vila de Rei, mais concretamente no Picoto da Melriça, que encontrará o Centro Geodésico de Portugal, bem como o Museu da Geodesia. Daqui e passando por Vila de Rei, pode seguir para Abrantes, ou aceitar uma sugestão de desvio absolutamente imperdível:

💡Sugestão de Desvio: Para uma experiência absolutamente memorável, e merecedora de uma paragem, siga em direcção ao Penedo Furado. A Cascata, a Praia Fluvial, o Miradouro, os Passadiços, ou mesmo o Baloiço, são verdadeiramente magníficos. Na realidade não se trata de um desvio, porque se seguir no traçado original São Domingos – Sardoal, passa literalmente no Penedo Furado. Se optar por seguir o traçado que hoje está assinalado como N2, basta que para isso vire à direita na saída da N2 em Milreu. Uma coisa é certa. Não se arrependerá.
Abrantes é uma cidade com uma dimensão considerável e com muito para descobrir. Como destaques, visite o Castelo, os seus jardins e baloiço, e o Outeiro de S. Pedro, antes de rumar a Ponte de Sor e fazer uma paragem no Parque da Marginal.
De Ponte de Sor até Montargil, a Estrada Nacional 2 entra em plena zona corticeira, e ganha uma beleza particularmente acentuada logo antes do nascer do sol, e antes de ele se esconder. As longas rectas por vezes ladeadas de frondosas árvores, permitem jogos de luzes e sombra que embelezam a estrada. Estradas de serra, agora só mais à frente na Serra do Caldeirão.
Depois de cruzar a Barragem de Montargil, siga para Mora onde encontrará a o Parque Ecológico do Gameiro, a Praia Fluvial do Gameiro, o Museu Interactivo do Megalitismo e o conhecido Fluviário de Mora.
A localidade seguinte, é a pequena aldeia de Brotas. Pequena em dimensão, mas com uma história assinalável. Ao passar na Nacional 2, corre-se o sério risco de nem reparar na sua existência, quanto mais na correlação entre Brotas e o próprio conceito de unir Portugal de Norte a Sul, que é o da rota que fazemos. À primeira vista, essa correlação não existe. Só o damos conta quando dedicamos algum tempo a explorar a história da aldeia, a beber das suas lendas, e a perceber que também esta pequena aldeia foi um destino de romaria a partir de vários locais do país.
Passe pelo menos pela rua da Igreja, ladeada pelas Casas da Confraria, até ao Santuário de Nossa Senhora das Brotas. Se for hora de almoço, não vá mais longe: o restaurante O Poço não o vai desiludir.
Curiosidade: Confesso que ao escrever este roteiro, dediquei uma secção a Brotas que não incluí. A razão porque o fiz, foi porque da última vez que fiz a N2, fi-lo em família e de carro. Queria presenteá-la com a vista da zona da Torre das Águias sobre a Ribeira do Divor, uma visita à Torre, e à Ermida de São Sebastião das Brotas. Eram para mim, atractivos mais do que suficientes para merecerem uma incursão de cerca de 2km por propriedade privada. Infelizmente o caminho é de terra batida, com muita pedra e areia solta, o que me obrigou a dar meia volta e abandonar a ideia inicial. A ideia era fantástica, já a execução ficou aquém.
Curiosamente, quer as viagens, as experiências, ou os ensinamentos que delas trazemos, são algo de extremamente pessoal. A sua partilha tem, na minha visão, um valor incalculável. Não seria portanto justo, só porque a minha última expedição a Brotas foi mal sucedida, privá-lo a si de conhecer este local. Foi isso mesmo que compreendi graças à partilha com o Henrique Saraiva do Viagens ao Virar da Esquina. E porque a história de Brotas merece ser conhecida, sugiro que o faça lendo o artigo – Brotas, o segredo escondido do Alentejo.
A N2 segue agradavelmente em direcção ao quilómetro 500, no Ciborro, local de fotografia da praxe. Ao longo do caminho a presença humana histórica nesta região, faz-se notar pelos vários vestígios megalíticos que se encontram pelo caminho.

Chegado ao final do dia 4 em Montemor o Novo, não deixe de visitar a Ermida da Nossa Senhora da Encarnação à entrada da cidade, bem como o Castelo de Montemor o Novo.
Onde Dormir no dia 4
Sleep and Nature Hotel – Lavre
Monte da Masmorra de Baixo – Escoural
Monte do Paco – Cortiço
Sugestão de Restaurante
A Velha – Abrantes
Montes de Argila – Montargil
O Poço – Brotas
A Ribeira – Montemor o Novo
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 5
144km – Tempo de condução 2h15
Montemor o Novo – Santiago do Escoural – Alcaçovas – Torrão – Ferreira do Alentejo – Aljustrel – Castro Verde – Almodôvar
Montemor o Novo dá o mote de partida para o dia 5. Siga para Santiago do Escoural onde irá encontrar o Centro de Interpretação da Gruta do Escoural. Para visitar a Gruta do Escoural, caso o deseje, terá de marcar previamente com o Centro.
Adiante para Alcaçovas, lugar de assinatura do famoso Tratado, e de seguida para o Torrão. No Torrão poderá sem grandes desvios visitar a Ponte Romana e a Calçadinha Romana. Certamente existem mais pontos de interesse, mas talvez seja melhor deixá-los para outra oportunidade, e continuar a desfrutar da Nacional 2.

Já em Ferreira do Alentejo, uma paragem para um café e uns minutos de descanso no Jardim Municipal, não é de desconsiderar.
💡Dica de Viagem: Alguma vez pensou em conhecer a produção de um dos alimentos mais marcantes na gastronomia mediterrânica? Referimo-nos, claro está ao azeite. A pouca distância de Ferreira do Alentejo encontra-se a Herdade do Marmelo, um dos muitos lagares e olivais da marca Oliveira da Serra. Se marcar com antecedência, poderá passar um pouco do seu tempo a conhecer o lagar, e melhor ainda, a provar vários dos melhores azeites ali produzidos.
Siga em direcção a Aljustrel, onde depois de visitar o Miradouro da Ermida de Santa Maria do Castelo, poderá explorar o Parque Mineiro de Aljustrel. Aliar a cultura e os costumes desta povoação alentejana e enquadrar na história desta região.
Castro Verde é a paragem seguinte. A lindíssima Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição é um marco, bem como o agradável Parque da Liberdade. Havendo tempo, um petisco na Casa do Alentejo também é uma boa ideia.
Almodôvar é a paragem de final de dia, com tempo para visitar a Ponte da Ribeira de Cobres, a Igreja Matriz, ou o (MESA) Museu da Escrita do Sudoeste Almodôvar.
Estrada Nacional 2 – Roteiro – Dia 6
75km – Tempo de condução 1h35
Almodôvar – Ameixial – Serra do Caldeirão – São Brás de Alportel – Faro – (Regresso a casa)
Último dia de viagem no nosso roteiro da estrada nacional 2. Apenas 75km o separam do marco de final da viagem em Faro.
Mas não são apenas 75 km. São quilómetros que desinteressante nada têm. Logo à entrada do Ameixial, encontrará a Fonte da Seiceira. Mesmo que não seja para ir a banhos na piscina, merece uma paragem para visitar. Siga para o Ameixial e depressa perceberá que está na altura de atravessar a Serra do Caldeirão. Uma sequência de curvas através da serra, que prometem deixar qualquer apaixonado por condução de sorriso nos lábios. Assim de repente, dos 75km, 60 já têm animação. São curvas que chegam para um ano inteiro. Precisamente, 365 curvas.
Pare no Miradouro do Caldeirão e veja a paisagem circundante – é a última secção de montanha até ao Oceano Atlântico.
Após atravessar “o caldeirão” siga para São Brás de Alportel. Tanto como o Ameixial marca a fronteira de entrada na Serra do Caldeirão, também São Brás de Alportel marca a fronteira de saída, a sul. Dê uma volta pela Igreja Matriz, pelos Paços do Concelho, ou mesmo pelo Museu do Traje do Algarve, e siga a sua viagem pela nacional 2 em direção às Ruínas Romanas de Milreu.
Faro está mesmo à mão de semear. Não pode deixar de tirar a fotografia que marca o momento da conquista da Estrada Nacional 2, no marco do quilómetro 738. Se pretender visitar Faro, aproveite o resto do dia e dê também um salto à ilha de Faro. Se não, relaxe, celebre a sua conquista, e faça o seu caminho de volta com a satisfação de ter feito uma fantástica roadtrip.

As Múltiplas Possibilidades de Desvios
A N2 oferece várias oportunidades para desvios e exploração de áreas adjacentes. Alguns destinos populares incluem explorar as Aldeias de Xisto, a Serra da Estrela, o Vale do Douro e as praias do Algarve. Esses desvios enriquecem ainda mais a sua viagem e permitem descobrir mais tesouros de Portugal. Havendo disponibilidade de tempo, a exploração é garantida.
O roteiro pode ser feito em mais dias, ajustando os locais de dormida e aproveitando as áreas circundantes, mas também pode ser feito em menos dias, reduzindo os locais a conhecer. A título de exemplo, podemos fácilmente transformar o Roteiro de 6 dias num de 5, unindo os 2 primeiros dias dormindo em Viseu em vez de Lamego.
Roteiro de 3 dias
Sendo certo que 3 dias, ou seja, um fim de semana prolongado, não são de todo a quantidade de tempo necessários para explorar a Nacional 2, muitas vezes, são todo o tempo de que podemos dispor. Não será possível fazer muitas das paragens sugeridas num roteiro mais prolongado, e, se quisermos encarar os 3 dias de uma forma honesta e realista, temos também que considerar que grande parte dos que desejam fazer esta rota vivem nas grandes zonas metropolitanas de Lisboa e Porto. Portanto, há essa distância a considerar e, necessáriamente “encaixar” nos dias de viagem.
Para uma viagem de mais rápida, focada no prazer de condução da N2, propomos este roteiro de 3 dias.
A iniciar de Chaves, fazendo a rota de Norte a Sul a partir da zona de Lisboa
- Dia 1: Lisboa – Chaves – Lamego
- Dia 2: Lamego – Montemor
- Dia 3: Montemor – Faro – Lisboa
A iniciar de Chaves, fazendo a rota de Norte a Sul a partir da zona do Porto
- Dia 1: Porto – Chaves – Viseu
- Dia 2: Viseu – Almodôvar
- Dia 3: Almodôvar – Faro – Porto
Antes de se fazer à estrada numa viagem curta de 3 dias, lembre-se que a Nacional 2 é uma rota épica que o levará a desvendar os segredos e as glórias de Portugal, quilômetro após quilômetro. Esta rota lendária é uma oportunidade imperdível para explorar as paisagens diversificadas, a história rica, e a cultura autêntica do país. Portanto, não espere mais – comece a planear a sua viagem ao longo da Estrada Nacional 2, e embarque nesta viagem única por Portugal. Descubra a magia da EN2 e crie memórias inesquecíveis ao longo do caminho.
Roteiros Ainda Mais Desafiantes em Portugal?
Se sente o apelo de uma viagem em Portugal como a da Estrada Nacional 2, então saiba que existem outras rotas e outras viagens que também lhe podem agradar. A começar pelo Portugal2Ride – Volta a Portugal, uma roadtrip épica ao longo de 2500km pelas fronteiras de Portugal.

1 thought on “Guia da Estrada Nacional 2”
Parabéns por este trabalho fantástico e muito bem elaborado.
Certamente irá ajudar muitos motars a desfrutar da combinacao do prazer de conduzir pelas belas paisagens do nosso país e a excelente gastronomia associada a cada região.